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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Pra não dizer que não falei das flores


Simplesmente perfeita, a análise crítica da música Pra não dizer que não falei das flores, feita por Patrícia de Paula Padilha, em 28 de agosto de 2009, no Blog Mestres da História.  
"Pra não dizer que não falei das flores" é uma canção escrita e interpretada por Geraldo Vandré. Ficou em segundo lugar no Festival Internacional da Canção de 1968. O sucesso desta canção que incitava o povo à resistência levou os militares a proibi-la de 1968 até 1979, período que Vandré foi exilado e torturado pelos homens da ditadura que usaram como pretexto a "ofensa" à instituição contida nos versos "Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / de morrer pela pátria e viver sem razão".

Vejamos a análise desta estrofe feita por Patrícia:
Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão: Os soldados estavam sempre armados e dispostos a prender os manifestantes e levá-los para as salas do DOPS, porém muitos pareciam alienados, não sabiam direito o que acontecia ou fingiam não saber, para quem sabe assim se redimir da culpa de tantas mortes e “desaparecimentos” da época. Mas tinham famílias, namoradas, mãe, irmãos e podiam sim ser amados por alguém ou então odiados por todos. Muitas manifestações foram, sobretudo, contra a violência dos policiais”.
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / de morrer pela pátria e viver sem razão: “Os soldados aprendiam lições e como se houvesse uma lavagem cerebral aceitavam cumprir as ordens do governo, mas acredito que em sua maioria muitos sabiam exatamente o que faziam e concordavam com os planos e métodos. Como diz a frase, eles aceitavam morrer pelo seu país, mesmo que para isso eles fossem recriminados pela população e tivessem que viver sem anseios e sem razão, afinal de contas eles só serviam para fazer o trabalho pesado para os governantes. Somos todos soldados, armados ou não: na contradição de ser ou não soldados, todos eram, a diferença está nas armas e na motivação”.

Grande parcela dos jovens brasileiros de hoje desconhecem o período de 20 anos desde o golpe militar até o fim da ditadura. Muitos deles não conseguem imaginar que existiu um tempo em que não havia tanta tecnologia como agora. A música de Geraldo Vandré nos conscientiza e nos faz repensar sobre a insatisfação contra a corrupção, violência, injustiça, o desejo de mudança, a fome por liberdade e a coragem de lutar.
Não só os jovens, mas muitas pessoas são alienadas e preferem ficar em silêncio em vez de tentar mudar o país. Mas estamos vendo que a maioria despertou e resolveu tomar uma atitude.
E agora, o que podemos comprovar é que mesmo depois de 45 anos, a mesma cena se repete, e esta canção nos faz repensar a importância da luta pelos nossos objetivos. Desejos, ideais e principalmente a conscientização dos nossos direitos e deveres são imprescindíveis para que possamos construir uma sociedade melhor. Finalmente o gigante que estava adormecido, acordou!!!!





Um comentário:

  1. Um belo tributo a Geraldo Vandré. Graças a ele e a outros de igual valor, não nos esqueceremos deste período de nossa história. Como estamos novamente na luta, vem a calhar a lembrança. Triste é saber que nem todos que lutavam tinham sentimentos tão nobres e hoje temos no poder, inclusive na Presidência do País, alguém que lutou, sofreu, mas seus objetivos não eram a democracia nem o bem estar do povo. Fiquemos com Vandré, que talvez nos sirva de inspiração para um Brasil mais unido.
    Roberto.

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